Um deserto de estranhas veredas é composto de uma longa entrevista concedida ao escritor, pesquisador e professor universitário Eloésio Paulo, em que Luiz Ruffato trata de sua escrita e de seu universo ficcional, tendo como eixo alguns de seus livros. O volume traz também um apanhado da produção do autor no Brasil e no exterior, além de fortuna crítica com trabalhos, especialmente dissertações e teses acadêmicas, mas também artigos de crítica literária publicados em veículos especializados e na imprensa, sobre sua obra. Traz ainda três textos emblemáticos de sua produção: uma crônica e um depoimento sobre sua formação, desde a infância na mineira Cataguases, e um ensaio sobre a presença de imigrantes italianos em Minas Gerais, tema muito presente em seus livros, em função de suas origens familiares.

Em uma curiosa troca de segredos, um avô e seu neto apresentam um ao outro seus brinquedos e brincadeiras preferidas. O velho homem mostra ao menino uma caixa com coleção de selos, álbum de figurinhas, peças de futebol de botão, piões, bilboquê e tabuleiros de jogos, tudo isso impregnado pelas memórias de sua infância. O menino, por sua vez, compartilha com o avô seus jogos de computador. Juntos, experimentam os segredos-brincadeiras e os afetos um do outro, fortalecendo o vínculo entre si. Em vez da distância, o tempo de cada um deles se apresenta como ponto de encontro entre os dois.

Tudo funcionava na mais perfeita harmonia na loja do Mico Zeca, ali na Vila Cotoxó: cotidianamente, o simpático animal trocava os mais diversos alimentos – frutas e legumes – da preferência de cada um dos seus amigos-clientes por bananas, seu predileto e único alimento. Até o dia em que, estimulado pelo Mico Zico, Mico Zeca começou a querer levar vantagem em tudo, cobrando mais bananas por quantidades cada vez menores de seus produtos. A simpatia se tornou ambição e o que era justo deixou de ser, provocando a desconfiança e a indignação dos animais. Nem é preciso dizer que todos saíram perdendo.

Toda cicatriz desaparece reúne quarenta textos de Rogério Pereira, selecionados pelo escritor Luiz Ruffato, que têm como tema a infância. O pai bêbado e violento, a mãe doente e amargurada, a irmã morta muito jovem, a pobreza, a lembrança das avós e de antigos colegas de escola compõem as histórias contadas e recontadas pelo adulto impregnado pelo menino magrela e daltônico. Uma bola de plástico, um guarda-chuva velho e banhos em chuveiros improvisados com latas de tinta, assim como outros elementos recorrentes nas narrativas, estruturam uma infância indelével na vida do escritor adulto.